terça-feira, 15 de novembro de 2011

Continuação de Psicossomática - Ansiedade

Ansiedade 


Definição

A ansiedade, em si, de fato, não é um fenômeno patológico, e sim uma das características da condição humana.

O medo é encontrado em todos os animais, pois tem por objeto as ameaças de um perigo exterior. A ansiedade ou angústia enquanto reação contra uma ameaça interna, o medo de si mesmo, de sua liberdade. Ele esta presente em todas as fases do desenvolvimento psíquico do homem, ou melhor, constitui-se desde que os “objetos” exteriores (outras pessoas) são por assim dizer incorporados a existência do indivíduo como elemento de sua constituição psíquica. A propósito nos primeiros conflitos entre o desejo e seu objeto (Melaine Klein) se operariam em uma atmosfera de angústia primitiva e a formação da pessoa se instituirá conforme sua reação objetal.

Podemos dizer que a ansiedade é o medo real ou imaginário.

Sintomas de ansiedade são freqüentes em quadros de depressão. Características depressivas são comuns em transtornos de ansiedade. A sobreposição entre a ansiedade e a depressão é tão grande que se questiona a possibilidade de se separar os dois grupos de manifestações, com algum grau de precisão científica. Ansiedade e depressão seriam as duas faces da mesma moeda e não haveria grau de utilidade clínica em sua diferenciação. Pensando-se em uma prática clínica sofisticada e profilática, é básica a noção de que, com freqüência, transtornos de ansiedade puros resultam em depressões secundárias enquanto que as depressões não precedem quadros de ansiedade.

Então se entende por neurose de angústia ou simplesmente ansiedade, as manifestações de um desequilíbrio hormononeurovegativo que são síndromes funcionais diversas, espasmos, etc. Compreende crises sobre um fundo constitucional de instabilidade emocional.

Características ou manifestações

Tem a tendência a aparecer em pessoas que costumam se definir “em pessoas que sempre foram nervosas”. Existe um excesso de função, tal como hipervigilância, hiperatividade neurovegetativa, agitação, inquietude.

Os elementos somáticos da crise são falados pelo doente em primeiro plano.

O que acontece geralmente é que os indivíduos a espera de perigo eminente, de acontecimentos futuros, e do próprio futuro, tem a tendência a uma desorganização de sua capacidade de ordenar suas perspectivas.

Então estas pessoas ao se desorganizarem mentalmente, sentem-se ameaçadas, sem a posse de suas faculdades de análise e de controle, não podem nem querer e nem serem convencidos, não tem como lançar mão de nenhum recurso em relação à situação de crise.

Manifesta-se à crise com insegurança exacerbada, ansiedade de desempenho, dúvidas e incertezas, ataques de pânico e evitações fóbicas. Fica completamente paralisado frente a situações das mais simples.

Quanto aos elementos somáticos, estes se manifestam em;

a) Sintomas respiratórios – tais como dispnéia, da respiração bloqueada até a crise de asma, acessos de tosse, soluços, bocejos, crises disfônicas ou mesmo afônicas;
b) Sintomas cardiovasculares – podem ser crises dolorosas de palpitações, taquicardia ou mesmo arritimias, dores descritas tais como, pontadas, queimaduras, inchaços ou constrições irradiadas diversamente, lembrando a angina de peito, crises vasoconstritivas ou congestivas na face, membros ou dedos;
c) Sintomas digestivos – constrição da faringe e do bolo esofagiano, espasmos gástricos ou intestinais, acompanhado de dores lancinantes ou constritivos, crises de náusea, de vômitos ou de diarréia, empuxos ano-retais, secura da boca, fome, sede;
d) Sintomas urinários – crises de “estrangúria”, que são segundo Claude e Levy Valensi a tartamudez da bexiga, crises de tenesmo vesical, a poliúria, a polaciúria, etc.
e) Sintomas neuromusculares – são as crises de tremores, de fribrilações faciais, palpebrais, e as crises dolorosas pseudo-reumáticas, etc.
f) Sintomas sensitivo-sensoriais e cutâneos – são constituídos de hiperestesias e paraesterias diversas, crises de prurido, de horripilação ou de suores profusos, dores lancinantes, zumbido nos ouvidos, sensações de moscas voantes, visão nublada, cefaléias, e as crises vertiginosas que configuram o modelo de “ansiedade motora”, e o primeiro esboço de agorafobia.
g) Distúrbio do sono – dificuldade para conciliar o sono (por ruminação mental), ou fragilidade do sono (despertar freqüentemente), pesadelos. O despertar 3 horas da manhã (hora matinal da angústia) e mais raramente sono excessivo;
h) Irritabilidade, subagitação e instabilidade – Hiperemotivo reage a todos os estímulos com sinais excessivos de emoção, rir, chorar, arrepiar-se, enrubescer, fechar os punhos, etc. Transforma-se no ansioso em agitação com distúrbios vasomotores, espasmos viscerais, cóleras patológicas, alterações repetidas de humor. As reações são mais violentas, podem ser coerentes ou não. Uma conseqüência de todos estes distúrbios poderá ser fadiga e o esgotamento, com seus dois pólos, maternal e vesperal.
i) Distúrbios funcionais – colite, urinário, hepatodigestivos, cenestopátios cefálicas, ou toráxico-abdominais, etc. Além dos distúrbios graves de sexualidade, desejo sexual diminuído ou suprimido;
j) Hipertonia muscular e hiper-reflexia – Os músculos estão crispados, sendo impossível um completo relaxamento, a tensão é permanente.


Causas

Constituição ansiosa.

A neurose de angústia apresenta-se, portanto, sob a forma de crises mais ou menos brutais, que ocorrem em uma personalidade perturbadora em seu desenvolvimento caracterial e em sua estrutura neurovegetativa.

Vista do exterior, o indivíduo de fato, desde a infância, manifestou uma tendência para a inquietude, para as posições de apelo e sempre requerendo proteção. A mãe, a irmã mais velha, os professores, os amigos, transformam-se nos suportes necessários para sua segurança. O casamento, as amizades, a profissão, estão dominados pela necessidade perpétua de apoio e amor. Porém, em contra partida, os fracassos, as tristezas, a doença, a menopausa, a aposentadoria, a velhice, serão outras tantas provas e apelos as suas crises.

Toda sua vida esta instalada na ansiedade.

Em psicoterapia, estas pessoas jamais puderam constituir um EGO verdadeiramente independente. Se comportam diante dos “traumas” (fracassos, decepções, morte, etc), não apenas como experiências temíveis, mas como provas suplementares de sua angústia permanente.

As causas prováveis ou etiológicas podem ser biológicas, psicológicas e sociais ou a inter-relação destes.

Conseqüências

Como conseqüências, o indivíduo pode ser levado a uma síndrome do pânico, agorafobia (deslocamento e condensação de sua angústia sobre um objeto), claustrofobia, hipocondria e distúrbios psicossomáticos váriados, tais como úlceras, asma, etc. Enfim, às vezes, crises depressivas, melancólicas, ou psicoses ciclo tímicas entre outras.

O prognóstico irá depender em definitivo da estrutura do EGO, ou seja, a estrutura de cada personalidade.

Também de situações objetivas desfavoráveis ou favoráveis;

Da possibilidade de modificar as situações desfavoráveis. O indivíduo está em um impasse, este impasse, sem dúvida é apenas visto por ele. Podem estar relacionados a circunstâncias reais ou imaginárias, externas ou internas.

O tratamento comporta sempre uma combinação de métodos de ordem psicológica e fisiológica.

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