sábado, 19 de novembro de 2011

Continuação de Psicossomática - Depressão - Parte 3

Depressão

Definição

Em psiquiatria, a depressão refere-se a uma síndrome clínica que consiste no rebaixamento do estado de ânimo (sentimento de desânimo doloroso), dificuldade para pensar e retardamento psicomotor.

A depressão é um “estado patológico de sofrimento psíquico consciente e de culpa, acompanhado por uma acentuada redução de sentimento de valores pessoais, diminuição da atividade mental, psicomotora e mesmo orgânica, sem relação alguma com qualquer deficiência real” (Natch, Recamier, 1960)

Tal qual é usada por leigos, a palavra depressão, refere-se a humor, o que em psiquiatria seria mais adequadamente chamar de abatimento, tristeza, desolação, desespero, perda do interesse, etc.

A depressão mesmo quando assim definida, pode ocorrer durante qualquer distúrbio psiquiátrico, embora seja mais comumente observada no grupo psicótico, sobretudo nas reações maníacas depressivas, psicoses involuntárias, etc.

Há uma escala de sintomas variados que diversificam na prática este conceito, tratando-se de um processo patológico complexo. Em suma a depressão não pode ser explicada por simples depressão das funções biológicas, pois no conjunto, observamos que o sistema nervoso simpático encontra-se excitado enquanto o parasimpático esta de modo contrário, inibido.

Encontramos então, na depressão, além das alterações de humor, a inibição e o sofrimento moral.

Características e Manifestações

Existem vários sintomas que poderiam ser relatados como parte da depressão, a melhor forma é classificá-la nos seguintes grupos:

* Depressão somatogênica;
* Depressão endógeno-psicótica (melancolia unipolar e bipolar);
* Depressão psicoreativa neurótica;
* E depressão farmacogênita (um tipo da somatogênica provocada por determinados medicamentos);

A depressão, como a palavra indica, é uma diminuição de função, com retardo, hipoatividade, tristeza grave, percepção de perda, perda de interesse (anedonia), falta de esperança, ideação suicida, insônia terminal, perda de peso, etc.

O humor triste não é a principal característica dos quadros depressivos. Há a inibição, que é um tipo de frio ou leutificação dos processos psíquicos da ideação que reduz o campo da consciência e o interesse, fechando o indivíduo em si mesmo, levando-o a fugir dos outros. O doente sente lassidão moral, dificuldade para pensar, além de fadiga psíquica.

Na realidade, a depressão em sí, refere-se a uma síndrome clínica, que como características e manifestações, a principal seria o rebaixamento de ânimo, contudo o retardamento geral pode ser mascarado por ansiedade, pensamento obsessivo e agitação em certas depressões.

A depressão mais comum observada seria a depressão classificada segundo o DSM-I como depressão neurótica, na nomenclatura de 1952. Seu diagnostico é o de reação depressiva psiconeurótica, como sinônima de depressão reativa. “A ansiedade nesta reação é alvada e, por conseguinte, parcialmente atenuada pela depressão e auto depreciação. A reação é precipitada por alguma perda sofrida pelo paciente, e esta quase sempre associada a um sentimento de culpa por fracassos ou atos passados”. Para diferenciar este grupo da correspondente reação psicótica, devem ser considerados os seguintes pontos:

1. A história da vida do paciente, com referência especial às oscilações de humor, (sugerindo reação psicótica), à estrutura de personalidade (neurótica ou ciclotímica), e aos fatores ambientais precipitantes.
2. Ausência de sintomas malignos (preocupação hipocondríaca), agitação, alucinações, aparecimentos de sentimentos de culpa, insônia intratável, idéias suicidas, retardamento psicomotor grave, profundo retardamento intelectual, estupor.

Na revisão de 1968, da nomenclatura psiquiátrica, (DSM II), essa entidade é designada por neurose depressiva; na DSM III, é conhecida por distúrbio distímico.

É reconhecido que as tentativas para distinguir entre depressões psicóticas e neuróticas, seja em bases fenomenológicas ou psicodinâmicas, são inadequadas. Embora seja óbvio que qualquer abatimento grave é discutível que justifique em um diagnóstico especial de depressão.

Causas

Depressão é depressão, não existem diferenças, mas porque as pessoas ficam deprimidas?

Em 1621, o religioso e sábio Robert Burton já descrevia na obra prima de sua vida “Die Anatomie der Melancholie” três formas desta doença e afirmava que “essa classificação era reconhecida por Hipócrates como o é pela maioria dos médicos modernos”. Em seu esquema tríplice, Burton diferenciava a “melancolia cerebral” como já diz o nome, que esta provém do cérebro, aquela que atinge o corpo todo e cuja causa está no equilíbrio da “vesícula escura” e uma terceira forma, a hipocondria.

Quando diz-se que uma depressão é somatogênica, que aparece em função de uma doença física, com freqüência, após doenças, infecções viróticas, hepatite, etc.

As depressões endógenas-psicóticas são consideradas as mais graves e de causas biológicas, e se manifestam de forma unipolar ou bipolar. As fases maníacas têm uma disposição de ânimo visivelmente excitada, sofrem de insônia ou dorme muito pouco e, não raro, seu comportamento é auto-destrutivo. Por efeito da doença muito dinheiro é gasto, pois há muitas vezes necessidade de abandonar os empregos, pessoas divorciam-se, etc.

Após, quando a fase maníaca passa, o doente tem a impressão de cair num buraco negro. A euforia é seguida pela falta de iniciativa, pela letargia, podendo inclusive haver idéias e intuitos suicidas.

Podemos explicar como uma causa também à teoria biológica. Como ponto de partida vale as pesquisas, segundo as quais na família já existem outros casos de depressão, mas que dependem de fatores desencadeantes.

Genética + Influências do meio ambiente = Fenótipo

Poderia ser também a doença iatrogênica, ou melhor, no final da década de 50, os médicos constataram que uma substância, chamada “reserpina”, usada para tratamento de hipertensos, tornava os pacientes altamente depressivos. Descobriu-se que a reserpina provocava a carência de neurotransmissores, especificamente a serotonina e a noradrenalina.


Outra causa poderia ser citada, que o sistema hormonal provoca o aparecimento de doenças psíquicas. Foi pesquisado no Instituto de Psiquiatria em Munique pelo professor Max Plank.

No corpo humano há mais de 50 hormônios para tarefas distintas entre si, e alguns deles são hormônios com funções de bem-estar psíquico.

Dois campos no cérebro, o hipotálamo e a hipófise são responsáveis pela regularização dos hormônios. Em uma pessoa normal e saudável, a distribuição funciona maravilhosamente bem, quando é perturbada, a função reguladora dos hormônios perde o compasso. Uma parte especial do hormônio cortisona parece estar relacionada com a depressão. Várias pesquisas mostram que no paciente depressivo, a liberação do hormônio da tensão excessiva, a cortisona, é aumentada durante longo tempo sem que se possa reconhecer algum motivo exterior. Quando a depressão cessa, também diminui a cortisona.

Para a liberação de cortisona, há responsáveis como as albuminas do sistema nervoso central, chamadas neuropeptídeos.

O que vale para a tese de carência de neurotransmissores, que vale também para o hormônio do estresse, o cortisol (o mesmo que hidrocortisona), desempenhando um papel de desencadeante.

Agora, fica a pergunta, por que o equilíbrio original foi perturbado.

Podemos sim pensar em fatores de cargas psico-sociais (meio interno + meio externo) e fatores neurofisiológicos. Isto significa que não há como determinar exatamente a causa da depressão.

Conseqüências

O fato de ter havido uma perda real ou imaginária, o objeto que era detentor do amor objetal, foi perdido.

Em função deste luto, que gera melancolia e o retardo psico-motor intelectual havendo uma depressão letárgica, onde a pessoa perde o interesse em absolutamente tudo, há conseqüências graves como o suicídio ou um total embotamento emocional e físico, onde a pessoa deixa de realizar qualquer função desde o alimentar-se, higienizar-se, etc. Podendo haver perda de emprego, divórcio, entre outras coisas. Podendo a pessoa ficar ensimesmada, embotada e perder tudo à sua volta.